A primeira coisa importante: a luz dos povos não é a Igreja, mas Cristo. É o que afirma logo a primeira frase do nosso documento: “Sendo Cristo a luz dos povos, este Sagrado Concílio, congregado no Espírito Santo, deseja ardentemente que a luz de Cristo, refletida na face da Igreja ilumine todos os homens, anunciando o Evangelho a toda criatura” (LG 1). Cristo é a luz, o sol; a Igreja é como a lua: só ilumina se refletir na treva do mundo a luz do sol, a luz de Cristo. Assim, quando a Igreja fala dela mesma, não é para ficar preocupada consigo própria, mas para melhor viver, testemunhar e anunciar Jesus Cristo, nosso único caminho, nossa única salvação.
Outro aspecto importante. O Concílio contempla a Igreja primeiramente como mistério, isto é, como parte do plano eterno de Deus para a salvação da humanidade. Assim: “Aos que acreditam em Cristo, (o Pai) quis convocá-los na santa Igreja, a qual, já prefigurada desde a origem do mundo e preparada admiravelmente na história do povo de Israel e na antiga aliança, e instituída nos últimos tempos (por Jesus Cristo), foi manifestada pela efusão do Espírito Santo (em Pentecostes) e será consumada em glória no fim dos séculos” (LG 2). A Igreja é, portanto, parte do plano de salvação de Deus. Ela não é nossa, é de Deus. Sua missão é ser o lugar, o espaço, a comunidade onde a humanidade pode encontrar Deus em Jesus Cristo e ser santificada no seu Espírito Santo. Por isso a Igreja, preparada pelo Pai, fundada pelo Filho e continuamente santificada pelo Espírito, é semente do Reino de Deus que nela já atua misteriosamente (cf. LG 3). É na Igreja que se experimenta de modo mais intenso o Reino trazido por Jesus!
Essa Igreja fundada por Cristo está continuamente unida a ele, como o corpo à cabeça. Cristo, pela ação do Espírito presente nos sacramentos, a santifica, a sustenta, a vivifica (cf. LG 7). Mas, onde se encontra a Igreja de Cristo? “Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste (permanece toda inteira) na Igreja católica governada pelo Sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele ainda que fora do seu corpo se encontrem realmente vários elementos de santificação e de verdade” (LG 8).
O Concílio privilegia uma imagem para descrever a Igreja: o Povo de Deus. Dedica todo um capítulo a essa descrição. Dizer que a Igreja é Povo de Deus é recordar que nela se cumpre tudo quanto Deus havia preparado em Israel, é também afirmar que esse povo é caminheiro, peregrino neste mundo e, portanto, sempre necessitado de conversão. A pátria deste povo é o céu (cf. LG 9). Significa também afirmar que, neste povo, todos têm uma mesma dignidade, conferida pelo Batismo. Mais que ser padre, freira, papa, bispo... o importante é ser cristão! Tudo o mais decorre daí. Assim, todo batizado é membro do povo sacerdotal que, unido a Cristo se oferece ao Pai pela humanidade e procura construir o Reino de Deus enquanto caminha no mundo (LG 10-13). Este povo de Deus é um povo que estar no mundo a serviço da salvação de toda a humanidade. A Igreja não existe para si mesma, mas para levar Cristo, Luz dos povos, a todos os homens. Por isso, todos os membros do Povo de Deus têm responsabilidade na ação missionária da Igreja. Mas, quem são os membros desse povo? Somente os batizados em Cristo Jesus. É muito importante deixar claro que “povo” aqui é o povo dos batizados, independente de classe social, raça, cultura ou modo de pensar. Então, o Povo de Deus é a Igreja nascida da Trindade Santa, peregrina neste mundo, testemunha e construtora do Reino trazido e anunciado pelo Senhor Jesus na potência do Espírito, e peregrina rumo à Pátria.
Depois de deixar claro que todo cristão é membro do Povo de Deus, o Concílio olha os dois grandes grupos presentes neste povo: os cristãos leigos e os cristãos ordenados para o ministério (Bispos, padres e diáconos). Aí, afirma que os Bispos são sucessores dos Apóstolos, em comunhão com o Papa, Sucessor de Pedro. Eles têm a autoridade para pastorear, ensinar e santificar em nome de Cristo. Afirma-se também que os padres são colaboradores dos Bispos e que os diáconos são servidores da comunidade, auxiliando o Bispo e os padres no seu ministério (LG 18-29). Os Bispos são verdadeiros representantes de Cristo na sua Igreja diocesana, a qual pastoreiam com a cooperação de seus padres. Ali ele edifica, no Espírito Santo, a Igreja, pela pregação da Palavra de Deus de acordo com a Tradição católica e apostólica, e também pela celebração dos santos sacramentos, pelos quais Cristo age e santifica o seu rebanho. Depois o Documento detém mais uma vez no papel do leigo para mostrar que eles, como membros do Povo de Deus, participam da missão de Cristo, já que receberam a unção no Batismo e na Crisma e são alimentados pela Eucaristia. Os leigos têm a missão profética de anunciar o Cristo Jesus e testemunhá-lo diante do mundo (cf. LG 30-38).
Depois a Lumen Gentium recorda que todos na Igreja são chamados à santidade, isto é, a uma vida de profunda comunhão com o Senhor. Este é o maior testemunho e a maior obra da Igreja! (cf. LG 39-42). Depois o Documento trata de um carisma que, no meio do Povo de Deus, de vê ser especial sinal dessa santidade: a vida religiosa (cf. LG 43- 47).
A Igreja nunca pode esquecer que a plenitude do Reino somente se dará na Glória (cf. LG 48-51)!
Finalmente, o Documento termina por contemplar a Virgem Maria como modelo de cristã e modelo da Igreja. Membro mais belo da Igreja, ela já nos espera na Glória, como sinal daquilo que todos nós seremos e a Igreja toda será em Cristo Jesus (cf. LG 52-69).
Leia a Lumen Gentium. Será uma fonte de conhecimento e amor à Igreja!
Fonte: Dom Henrique
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